De sexo también se habla

Eu estava envergonhada. Devia estar vermelha. Certeza que estava. Ele estava me olhando e, em um momento de descuido, li a capa do livro: De sexo también se habla. Primeiro achei atrevimento. E porque céus esses banquinhos tem que estar tao pertinho um do outro? Eu quase encostava o joelho no dele. Pronto. Sentia mais calor.
Pô, que culpa tenho eu? Minha avó costumava se colocar em frente à TV para cobrir o beijo da novela. Meu pai muda de canal até hoje quando assistimos um filme juntos e surge uma cena um pouquito mas caliente. Ou faz comentários sem graça. Conta causos (no meio do bem bom, dá para imaginar?). E quem é esse sujeito sem a mínima vergonha de ler um livro desse no metrô? Se a letra ainda estivesse pequenininha...mas nao! Elas gritavam em vermelho neon na minha frente.
De repente, me dei conta de que ele era especial. E o invejei de certa forma. Invejei sua educaçao especial, que trata os relacionamentos com a naturalidade que lhes cabe. Invejei o modo simple de ver as coisas. E principalmente, a sensibilidade de sentar justo em frente a uma pessoa que precisava ler aquilo escancarado: DE SEXO TAMBIÉN SE HABLA! Captou?